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PRAÇA JÚLIO PRESTES, Nº 16
01218 020 | SÃO PAULO - SP
+55 11 3367 9500
SEG A SEX – DAS 9h ÀS 18h
09
ago 2018
quinta-feira 20h30 Pau-Brasil
Temporada Osesp: Stenz, Stefanovich e Aimard


Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
Markus Stenz regente
Pierre-Laurent Aimard piano
Tamara Stefanovich piano
Ricardo Bologna percussão
Rubén Zúñiga percussão


Programação
Sujeita a
Alterações
Béla BARTÓK
Concerto para dois Pianos e Percussão
Richard WAGNER
O Anel - Uma Aventura Orquestral
INGRESSOS
  Entre R$ 50,00 e R$ 222,00
  QUINTA-FEIRA 09/AGO/2018 20h30
Sala São Paulo
São Paulo-SP - Brasil

Falando de Música
Quem tem ingresso para o concerto da série sinfônica da temporada da Osesp pode chegar antes para ouvir uma aula em que são abordados, de forma descontraída e ilustrativa, aspectos estéticos das obras, biografia dos compositores e outras peculiaridades do programa que será apresentado em seguida.

Horário da palestra: uma hora antes do concerto.

Local: Salão Nobre ou conforme indicação.

Lotação: 250 lugares.

Notas de Programa

BÉLA BARTÓK [1881-1945]
Concerto Para Dois Pianos e Percussão [1937]
(ORQUESTRAÇÃO DA SONATA PARA DOIS PIANOS E PERCUSSÃO, 1943) 

ASSAI LENTO. ALLEGRO MOLTO
LENTO MA NON TROPPO
ALLEGRO NON TROPPO

25 MIN

 

/INTERVALO


RICHARD WAGNER [1813-83]
O Anel - Uma Aventura Orquestral [1874]
(COMPILAÇÃO DE HENK DE VLIEGER, 1991)

PRELÚDIO
O OURO DO RENO
A ALDEIA DOS ANÕES
VALHALLA
AS VALQUÍRIAS
MAGIA DO FOGO
MURMÚRIOS DA FLORESTA

PROEZA DE SIEGFRIED

DESPERTAR DE BRUNHILDE

SIEGFRIED E BRUNHILDE
VIAGEM DE SIEGFRIED PELO RENO

MORTE DE SIEGFRIED
MÚSICA FÚNEBRE
SACRIFÍCIO DE BRUNHILDE

70 MIN

 

 

BARTÓK

Concerto Para Dois Pianos e Percussão


O Concerto Para Dois Pianos e Percussão foi elaborado em uma fase difícil da vida de Béla Bartók. O compositor húngaro, que fre- quentemente tocava em duo com a esposa, Ditta Pásztory (1903-82), já era reconhecido por suas intensas atividades como musicólogo e pro- fessor, sendo intérprete aclamado. Fugindo da guerra, refugiou-se nos EUA, onde, apesar do respeito que lhe dedicava a comunidade musical, passava por dificuldades financeiras. Já sofria da leucemia que viria a vi- timá-lo, e tentava reconstruir a vida em um país muito diferente do seu. Bartók escreveu a versão orquestral do Concerto (assim como a sonata original) para uso próprio, e, talvez por isso, neste arranjo as partes so- listas não foram significativamente alteradas. A apresentação do duo com a Filarmônica de Nova York foi a última do compositor, que faleceria dois anos depois.


A ideia de combinar teclado com percussão era muito cara a Bartók, e já havia sido explorada no movi- mento lento de seu primeiro concerto para piano, sem falar na famosa Música Para Cordas, Percussão e Celesta. Na verdade, em todas as suas peças em que o piano intera- ge com orquestra, há passagens em que seu timbre é contrapos- to ao da seção de percussão, em diálogo que enfatiza a semelhan- ça sonora e não a diferença entre os instrumentos.


O Concerto se apoia de início em algo misterioso, dominado pela percussão, em que os pianos são acrescentados aos poucos e as in- terferências de orquestra são ver- dadeiros sustos, como que para aumentar o suspense: é quase mú- sica para filme de terror, evocando passos cautelosos em uma sala vazia. Aos poucos, os objetos da sala ganham vida e se tornam muito ativos. Há movimento e excitação, até que se atinge um auge de per- turbação sonora, cortada por uma parte mais lírica. Mesmo no “Lento ma Non Troppo”, o piano continua a ser explorado de maneira mais percussiva do que de hábito, com ritmos obsessivos e tensão que se acumula progressivamente. O final é explosivo e vivaz, e carrega uma dose de humor, com deslocamentos rítmicos que lembram os de um ur- so dançando.


A escrita estende a gramática dos instrumentos até seu limite, sendo recheada de sutileza rítmica e imensa dificuldade técnica. Há certa aridez melódica, ou talvez um lirismo mais contido e solitário, que por certo reflete os anos ter- ríveis pelos quais passava a Europa neste período. As passagens virtuo- sísticas têm um sabor de jazz, de improvisação, que contrabalança o rigor quase matemático da escrita. Curiosamente, nessa fase, Bartók pouco exibe da influência folcló- rica magyar que permeia a maior parte de sua obra de juventude e que tornava sua música mais facil- mente aceita por um público ávido de exotismos.

 

 

WAGNER

O Anel — Uma Aventura Orquestral


Quando pensamos em Wagner, imediatamente imaginamos su- perproduções com cenários e fi- gurinos extravagantes, solistas e coro portentosos e várias horas de duração. A dificuldade de levar a cabo montagens completas impede que a música puramente orquestral dessas obras chegue ao público, com a óbvia exceção das aberturas de cada ópera. Foi pensando em ofe- recer a suas plateias uma chance de apreciar a música instrumental d’O Anel do Nibelungo que Henk de Vlieger [n. 1953] empreendeu uma coletânea em que os temas principais se encadeiam de maneira orgânica e bem costurada.


Vlieger é um percussionista e com- positor holandês que tem uma obra variada e original, mas se notabilizou principalmente pelos arranjos de música orquestral extraída de ópe- ras importantes, em que as poucas intervenções vocais nos trechos mais marcantes de cada seção são substituídas por solos instrumentais. Dessa maneira, criam-se obras se- melhantes aos famosos poemas sin- fônicos do fim do século XIX e início do século XX, em que uma história é contada de maneira descritiva, mas sem necessariamente o auxílio de um texto cantado. Nas orquestrações de Vlieger, o ouvinte pode se delei- tar com os trechos conhecidos, em uma ordem lógica e musicalmente convincente. Wagner, representante máximo do nacionalismo alemão, é o compositor que mais recebeu esse tratamento do músico holandês, que já fez arranjos bem-sucedidos de Parsifal, Os Mestres Cantores de Nurenberg e Tristão e Isolda.


O Anel do Nibelungo é um ciclo monumental de quatro obras, que podem ser apresentadas indivi- dualmente, mas foram concebidas como uma tetralogia: O Ouro do Reno, A Valquíria, Siegfried, e O Cre- púsculo dos Deuses. A história gira em torno de um anel que dá a seu portador poderes inimagináveis. Temas como corrupção, ganância, traição, intrigas, e naturalmente todas as nuances de amor e paixão são centrais no desenvolvimento da trama.


O Anel — Uma Aventura Orquestral, dedicada ao maestro Edo de Waart, foi encomendado para uma tour- née pela Alemanha em 1992, pela Orquestra Filarmônica da Rádio Holandesa, em que Vlieger atua como percussionista, e da qual se tornou diretor artístico em 2011. Ob- teve sucesso instantâneo, gozando de popularidade tanto entre os fãs empedernidos de Wagner quan- to entre aqueles que procuram mergulhar no universo do Anel de maneira um pouco mais suave do que a imersão total proposta pelo mestre alemão.

 

LAURA RÓNAI é doutora em Música, responsável pela cadeira de flauta transversal

na UNIRIO e professora no programa de Pós-Graduação em Música.

É também diretora da Orquestra Barroca da UNIRIO.